"Mesmo sabendo
que não seria fácil para 90% das pessoas entenderem tudo isso achei prudente
falar um pouco sobre esta história.
Líli é apenas
uma garota comum (ou quase) que passou por coisas ruins, conheceu pessoas
terríveis, viu um lado escuro da vida, mas decidiu não ser como aqueles que
insistiram em fazer da sua vida um inferno. Ela nunca foi de balada e nunca
gostou de multidões, mas a solidão sempre foi algo que lhe incomodou (embora
fosse algo inerente a sua vida).
-
Líli sempre achei que você precisasse saber que te acho uma pessoa tão forte.
Você já passou por tantas coisas e ainda assim está ai vivendo, sorrindo e
seguindo em frente. Você é um exemplo para mim. – Disse um tolo qualquer.
Era tão comum
para ela ouvir coisas assim de pessoas que nem se quer poderiam imaginar aquilo
que ela vivenciava diariamente em seus pensamentos. Sabe aquela história de que
se o mar está calmo na superfície, quer dizer que algo está acontecendo nas
profundezas? Pois bem, Líli era a prova viva disso! Seus pensamentos, ações,
decisões e instintos eram baseados em um emaranhado de dúvidas e medos que o
que para os outros parecia força para ela não passava de uma forma covarde de
esconder o que ela era na verdade. Mas quem era Líli? Acho que nem ela mesma
sabia...
Já
faziam três ou quatro anos que ela havia se perdido entre afirmações falsas que
ela confiava tão ardentemente que em seu mundo acabaram se tornado realidade.
Dentre muitas crenças que ela tentou seguir, poucos ensinamentos ficaram. Era
difícil para sua mente assimilar tantas coisas ruins em tão pouco tempo e ainda
assim insistir em crer em tudo que tentava fazê-la crer que as coisas ficariam
bem.
Ela
sabia que o sol iria nascer na manhã seguinte, mesmo que a noite fosse árdua, porém
nunca foi inocente ao ponto de negar que as nuvens também estariam ali.
Havia
amor escondido em algum lugar daquele labirinto existencial que se instaurou
dentro dela, algo parecido como um gueto formado de sentimentos e confusão.
Embora ela soubesse que ainda existia chances de alguém encontra-lo em meio a
tudo isso, Líli não fazia o menor esforço para que isso acontecesse. Já estava
cansada das certezas que os contos de fadas nos dão e que por fim servem apenas
para mostrar o quanto as pessoas são ótimas para inventarem histórias lindas
sobre a pureza e péssimas para viverem isso.
Já
era quase 3 da manhã de quarta-feira, quando decidi falar sobre tudo isso.
Achei que se eu tentasse expor de alguma forma o que ela costumava sentir, isto
poderia aliviar de alguma forma a tsunami de pensamentos que rodavam sua cabeça
e não a deixavam dormir. Mas ela nunca foi de ouvir muito sua consciência quando
o assunto era sobre si mesma.
Líli
sempre foi do tipo que se importava muito mais com os outros que consigo mesma.
Cansei de lhe dizer que essa não era uma mania saudável, mas ela nunca ouvia. Aliás,
ela era mestre na arte de se render aos seus vícios, por menores que eles
fossem. Ela pouco se importava com o que lhe fazia mal, desde que isso não
atingisse ninguém mais.
Como
era de costume, ela falava mais do que fazia. Sentia mais do que falava. Ouvia
mais do que demonstrava. Sempre foi o tipo que observava demais e estava ciente
de coisas que a grande maioria achava que estava escondendo.
Espere,
onde ela está indo? Ah, como era de se esperar ela vai tentar se desligar para
se esconder de mim. Normal isso acontecer, ela detesta que eu fale ou cobre
alguma coisa.
Acho
melhor tentar faze-la dormir, pois amanhã será mais um dia no qual ela vai se
sentir vazia e demonstrar que está cheia de si. Embora não pareça, cansa muito
viver assim. Mas quem sabe eu não volte a falar sobre o controverso mundo de
Líli quando a madrugada voltar a não ser gentil com ela e acredite isso é uma
rotina."
Aline Alves
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