"Se distanciou das palavras, se perdeu
de quem era e esteve ao léu de todas as convicções que sempre pregou.
Decidiu não demonstrar nenhuma
fraqueza, pois não seria prudente abrir determinadas lacunas para os
oportunistas que rodeiam.
Estagnou... Chorou...
Silenciosamente foi perdendo a magia que tantos diziam brilhar em seu olhar
negro.
E em suas piadas tão vazias quanto
sua expectativa de amanhã, via-se todo o desprezo a si mesma.
E deram conselhos que ninguém
nunca iria usar. Ela cautelosamente guardou em um daqueles baús que ficam cheio
de poeira e esquecidos no sótão.
O mundo talvez não saiba, mas
quando os preconceitos e dores invadem e fazem morada, não há palavras que
possam desapropriar a terra improdutiva que se tornou o coração.
- Mas menina você deve ser forte,
deveria levantar. Que mania horrível de se entregar, já vi você superando
coisas bem piores!
Muito impressiona o vasto conhecimento
que a pessoas acreditam ter do que se passa no interior dos outros. Na grande
maioria das vezes rostos serenos, escondem corações turbulentos.
E o barco que antes navegava
ferozmente e sem pudor rompia qualquer onda que tentasse o derrubar, aquele
mesmo barco que superou inúmeras tempestades e dominava as águas, desbravando
suas mares, hoje vaga sem rumo. Antes rumava tal qual um navio imponente, hoje
é apenas um barquinho de papel afundando na bacia."
Aline Alves
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