Bateu na porta do coração e entrou sem limpar os pés. Trouxe
suas histórias de poucos amores e de confusão familiar.
Sem cerimonias, abriu uma garrafa gelada que dizia no rotulo
“Apenas para quem tem corações fortes”. Colocou sua personalidade em uma taça e
me serviu. Saboreei lentamente, como quem aprecia uma cerveja Alemã.
Falou sobre a vida, sobre as pessoas, sobre mim e sobre as
coisas que ainda nem havia vivido. Falava com a propriedade dos mais
experientes, mesmo não tendo passado por muita coisa como eu.
Discutia arte, música e poesia como se fosse uma critica
renomada. Me dava de bandeja um mundo que nunca explorei e ao mesmo tempo me
deixava a mercê de coisas que eu ainda não entendia. Eu era só uma turista
perdida em sua floresta de ideias.
Sempre fui essa bagunça que muda de humor a cada 5 minutos.
Sempre revezei entre um furacão de stress e uma brisa de carinho. Vivi numa
montanha russa de emoções, mas ainda assim a convidei para conhecer esse parque
de diversões. Ela pode se aventurar no túnel do terror e sair com medo correndo
para um passeio romântico no carrossel. Pode comer algodão doce ou se entupir
de pipoca. Mas eu continuo preferindo saborear cada instante com ela. Acho que
se eu fosse a comparar com um doce, seria sorvete de Nutella com paçoca.
E mesmo que eu me perca nas figuras de linguagem ela
continua ali, com aquele sorriso lindo no rosto. Esse sorriso que abre crateras
em suas bochechas. Três abismos que adoro me perder.
Ela veio de outro mundo para voltar meu trem para os
trilhos. E se eu fosse o heróis ou a princesinha do Mário, ainda assim só
queria mesmo ser dela.
Aline Alves
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