"Hoje não é um dia de palavras
fortes ou marcantes, é só um dia de silêncio.
Sinto que não devo falar hoje,
que não acrescentarei nada ao mundo e nem mudarei toda essa situação se disser
algo.
Algumas palavras são direcionadas
a mim junto com um olhar de desaprovação, mas meus lábios permanecem imóveis.
Minha boca está estática, deixando que apenas meus olhos contemplem mais esse
capitulo de algo que eu preferia que não tivesse nem começado.
E as horas passam, o dia vai
caminhando para a morte, para o último suspiro, mas eu permaneço fiel ao meu
silêncio.
Boca selada, e todo esse vazio
ecoa a confusão que se instaurou na minha mente. Mas por fora ainda permaneço
firme e silenciosa como se fosse feita de pedra.
Começa a chover, ainda escuto
alguns murmúrios ao meu redor, mas o barulho da água tocando o solo e dos trovões
rasgando o céu escuro, ficaram mais evidentes que qualquer outra coisa. Queria
ter a coragem que o céu tem, de chorar, gritar e colocar pra fora o que lhe
aflige. Mas eu e minha péssima mania de guardar o que sinto pra mim, me mantem
calada e estática, alheia a tudo que acontece nesse momento.
Costumo falar de mais, sempre
achei que deveria dizer às palavras que o mundo precisa ouvir e que se alguém
se cala é porque chegou a minha hora de falar, dessa forma o silêncio jamais
seria capaz de invadir um lugar onde eu estivesse presente. Não que eu queira
ser o centro das atenções, mas sempre achei que o silêncio abria portas pra
sentimentos ruins e pensamentos que nos perturbam, e que as palavras são as únicas
capazes de portar luz em momentos assim. Mas hoje percebi que o silêncio não é
um vilão, mas sim um amigo, coadjuvante na história que nós escrevemos e que
ele só auxilia naquilo que você quer sentir.
Hoje eu aprendi a importância e a
necessidade da arte de calar. Notei o quanto o mundo precisa que nos calemos em
alguns momentos e o quanto nós mesmos precisamos disso, para nos entender e evitar
conflitos.
Caminho tão perdida em mim mesma,
que creio que nada possa me encontrar ou me salvar do que eu posso fazer a mim. O que fazer quando seu maior inimigo é você mesmo?
Agora me vejo sentada no chão do
banheiro, algumas lágrimas se misturam a água que cai do chuveiro sobre mim.
Creio que nesse instante, elas disseram tudo que meu silêncio encobriu durante o
dia.
Sei que a angustia não vai
passar, mas permanecerei no recanto dos mudos, no mundo dos surdos, vou fechar
os olhos e me igualar aos cegos e assim, desfrutar da virtude que os normais
não possuem..."
Aline Alves
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