VENENO


"Tão doce e perigoso, mal posso resistir.
Ela chega e me deixa um olhar que toma conta de mim.
E eu me limito a observar, me procurar naqueles olhos e entender aquele olhar.
Ela passa por mim como quem quer provocar, deixando mais que o perfume no ar.
Não consigo mais me focar em nada que esteja longe dela e ela parece saborear cada momento da minha espera.
Ela me olha, ela me vê e eu não consigo mais me esconder, tudo o que eu posso fazer é deixar o veneno escorrer.
Doce como o mel, sublime como um pedaço do céu.
As margens de um desejo que quer me dominar e ela fica ali fingindo não notar.
Vou até onde ela está, pois se tornou difícil controlar essa vontade incessante que sempre vem me instigar.
Ela morde os lábios e fixa seus olhos nos meus, passa suas mãos pelos meus cabelos e se aproxima...
Um sorriso de canto nasce em meus lábios, mas ela nem viu acontecer e agora o que eu posso fazer é deixar o veneno escorrer!
A poesia das palavras deixa de existir em momentos assim, não há o que falar quando se deve agir. Esperei por tanto tempo e agora desejos surreais e noites imaginárias já não me satisfazem.
Quando seus lábios tocam os meus a terra roda descompassada e ela domina tudo aquilo como se fosse só mais um detalhe de uma pintura tão complexa que só quem faz pode entender.
Dançarina do meu tango, escritora do meu livro, voz dos meus versos, protagonista dos meus sonhos...
E seu corpo se entrelaça no meu no ritmo mais perfeito feito por Deus e eu já não tento mais entender só deixo o veneno escorrer!"
Aline Alves


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