INCUBUS



"Por muito tempo desejei que olhos cegos me vissem, mas hoje sinto que foram os meus olhos que se fecharam!
Tentei ser o que eu de alguma forma sempre soube que não seria e assim acabei me perdendo nas confissões que nunca fiz.
E naquele dia uma repetição marcou uma vida: Levanta, levanta, levanta... As palavras ainda ecoam aqui dentro.
Me sinto meio tola por insistir em conversar com o travesseiro, em buscar conforto num abraço com o cobertor, em olhar perdida para o ursinho na prateleira...
E ai vejo que não tenho tudo, mas tenho o suficiente e acabo deixando de ser frágil diante de quem sempre teve tudo, mas ainda assim está imerso em um vazio inexplicável.
Talvez não seja um câncer, mas doeu e ainda dói. Sei que são cinzas, mas o vento não levou o último grão de poeira.
Eu gostava de ser a menininha, mas foi preciso crescer. Não que eu quisesse isso, mas a realidade dos fatos e o caminho que as coisas tomaram, foram capazes de matar os sonhos que haviam sido alimentados.
Mas nem as brincadeiras com o carro amarelo ou com a formiga, deixaram de estar em mim... Apenas a inocência se desfez!"
Aline Alves


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