"Controverso e estranho pensar em
como as coisas mudam tão de repente, sem avisar e ser dar instruções de como
continuar.
É cruelmente necessário continuar
mesmo que a dor ainda seja enorme aqui dentro.
E os dedos que batem
incessantemente na parede, são de ansiedade ou apenas tentam esconder algo mais
que um choro contido na garganta?
É maçante ouvir todo mundo dizer
que foi melhor assim, que só o tempo pode amenizar e que a vida continua.
Sempre é mais fácil pra quem diz, pois quem vive sente parte de si morrer a
cada instante.
Torna-se torturante demais perder
duas pessoas quase que ao mesmo tempo. Uma pra vida e outra pra morte... E
mesmo que tenham sido por caminhos diferentes, nenhuma das duas nunca irá
voltar.
E num piscar de olhos eu vi que
juras de amor eterno tornam-se frágeis e ignoráveis ao primeiro sinal de
dificuldade. E me deparei com um caminho solitário quando mais precisei de
algumas palavras solidárias vindas dela...
A vida é cheia dessas coisas que
a gente nunca vai entender, mas que de alguma forma ajudam a construir quem somos.
Talvez nos tornemos melhores, porém a frieza acaba sendo uma consequência
inevitável.
E a quilômetros de casa naquela
noite, vi entre lágrimas o céu mais estranhamente pesado e especial. Talvez
fosse a forma que Deus escolheu para dizer que estava vendo tudo e que estava
compadecido de tudo, embora fosse preciso passar por toda aquela tortura. Havia
luz, mas uma nuvem negra encobria tudo!
Segurei minhas lágrimas e
confortei minha mãe no abraço mais forte que eu pude dar e nem ao menos me
importei se suas lágrimas estavam molhando minha blusa. Estava tonta, quase
desmaiando e sentia uma carga emocional e espiritual imensamente pesada naquele
lugar, mas ainda assim me mantive de pé. Sem chorar, sem demonstrar os
sentimentos que colidiam dentro de mim, apenas me mantive como um colo, um
ombro amigo.
Mas por mais forte que possamos
ser em momentos assim, não somos feitos de pedra. Desabei!
Não vi o último sopro de vida ser
enterrado em uma cova... Voltei para a casa e chorei sozinha por duas noites
seguidas. Apenas eu e o vazio da sala escura.
E ainda parece tudo meio turvo
quando olho para frente. Sinto falta de tanta coisa e me prendo a uma
conformidade sem precedentes, embora quisesse gritar e socar o travesseiro até
que minha mente pare de processar tantas lembranças.
No entanto, no meio disso tudo vi
pessoas que simplesmente se importam comigo mais que eu mesma e isso faz com
que seja menos destrutivo todo esse processo masoquista e inevitável.
O velho rádio não tocará mais
aquelas canções, a bengala vai ficar pendurada na parede, o rolo de fumo não
será mais cortado para “pitar no fim da tarde”..."
Aline Alves
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