SOBRE A ESCRIVANINHA - TEXTO FOI UM DOS VENCEDORES DO CONCURSO SUL INFO DE MINICONTOS


A  Editora Sul Info Publicações organizou no ano passado (2012) o seu primeiro concurso nacional de minicontos.
A proposta do concurso era criar um conto com até 300 caracteres, sendo o tema livre, destes 80 seriam publicados em uma coletânea do concurso. O texto "Sobre a Escrivaninha" foi um dos selecionados.
Conheça o conto e veja abaixo fotos da coletânea e do certificado em nome de Aline Alves.
Para conferir os demais contos vencedores do concurso clique aqui.



"Encontrei o velho retrato sobre a escrivaninha. Aqueles olhos, a mesma pele branca. Em meus pensamentos o perfume é tão intenso que chego a senti-lo. Como uma sinfonia tudo começou: a caneta, o papel, o maço de cigarros, as lágrimas, a saudade. Nascia mais um poema para aquele que se perdeu de mim."
Aline Alves

CARTAS AOS MEUS - VII


"Quem disse que a rainha da noite não tem luz própria?
Pra que tapete vermelho se ela tem uma nuvem de glitter?
Quero beber até a última gota desse veneno...
Talvez ela seja o lado debochado e menos sentimental de um quadrado que envolve um pouco de tudo, mas sem dúvidas é o tempero que dá gosto a isso.
Poucas foram as conversas sérias, mas não sinto a menor falta disso tudo. Muitos tentam amenizar minhas dores usando as palavras certas da forma mais conceitual possível, mas ela... Ahhh ela... Ela vem me mostrar que a vida não merece ser levada tão a sério. Ela faz piadas, ela ironiza, satiriza... Não que ela não se importe, mas simplesmente escolheu ser assim.
Diferente e encantadora. Talvez seu jeito seja abstrato, mas é do jeito que deveria ser!
A música cantada ao pé do ouvido, o gosto um pouco salgado, o veneno demasiado em contraste com a voz doce...
Já existe gente de mais querendo ser mais do que deveria, ela permanece badalando a calmaria do litoral..."
Aline Alves

CARTAS AOS MEUS - VI


"Tenho me perdido em meus pensamentos por muitas vezes.
Tenho culpado as pessoas, o mundo, a mim mesma... Meu espirito se inquieta das formais mais cruéis possíveis...
Talvez nem buscando pelos oceanos eu poderia encontrar um refugio espiritual que me conforta como ela. Ela me fez entender que até os mais felizes lutam com seus fantasmas e que a acomodação não é um privilégio meu. Vi o lado frágil de quem sempre vi forte e não repudiei, pois isso me fez admirar ainda mais!
A menina culta, inteligente, palhaça, a menina singular que me faz pensar, me intriga...
Queria poder agradecer as palavras em momentos de tristeza e as brincadeiras que me arrancaram gargalhadas quando eu queria gritar por dentro. Até mesmo as broncas nos momentos em que eu me ceguei me fizeram ver em você aquilo que falta em mim.
Que as águas do teu mar sejam as mais calmas e que o tubarão seja o protetor do seu cais e que nessa quietude meu espirito sempre encontre o conforto das tuas palavras!"
Aline Alves

CARTAS AOS MEUS - V


"Uma luz imaginária tomou conta do meu céu quando a noite mais escura resolveu me visitar, repousei em campos de flores de papel e fechei os olhos pra notar que algumas pessoas não precisam ser normais para serem lindas.
A incerteza, a hiperatividade, a jeito complicado de lidar com as coisas fáceis, a forma meio enrolada de aconselhar e até mesmo as falas desordenadas e sem muito sentido de madrugada... Os detalhes que fazem a estrelinha ser a marca mais reluzente na imensidão azul!
Por muitas vezes teci as melhores palavras para prender os seus problemas, mas eu sentia mesmo que o seu bem me faria bem...
Espero que o destino arquitete o que há de mais incrível para seu futuro, não desejo que os problemas se ausentem, pois se eles não existissem você jamais seria a imaginária mais real que já conheci...
E sob essa luz, volto a fechar os olhos e no jardim de flores de papel vejo você saborear o doce gosto apimentado daquilo que a pastora falou e deixo que os unicórnios protejam seus sonhos."
Aline Alves 

A DOR DA FALTA


"O caderno sobre a cama desarrumada
A voz quase muda de uma alma calada
Tantos livros empoeirados na estante
E os olhos perdido entre pensamentos distantes

Por dentro um grito ecoa intenso e reprimido
Tão forte e torturante quanto o choro contido
Alguns murmúrios e ideias desordenadas
O que machuca mais a presença ou a falta de palavras?

O que se espera de algo desgastado e mergulhado no fim?
Notei que não espero mais nada nem de mim.
Corro os olhos pelo quarto e vejo que me quebro em cada canto
São tantos anseios em prateleiras e medos escondidos em gavetas
Que mesmo imersa no desanimo, ainda me espanto

Fecho os olhos e ouço a voz e o som do violão
Me encolho ao lado da caixa de som
Seguro tudo em mim mais uma vez
Esperando que aquela mesma chama venha me aquecer

Essa chama que a tanto queima tão intensamente
Deveria acender alguma esperança em minha mente
Mas ela tão somente devasta qualquer tentativa
Destrói equitares de invenções e expectativas

Mas se o fogo foi feito para queimar
Deixe o tempo levar os dias
E que tudo queime na fogueira mais alta
E esconda os dias marcados pela dor da falta."
Aline Alves